O GRANDE FILTRO

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Imagine a evolução da vida como um lance de escadas onde cada estágio é um degrau. No primeiro degrau, elementos químicos precisam se aglutinar em padrões autoreplicáveis estáveis, mas ao mesmo tempo capazes de se adaptar e evoluir conforme as condições do ambiente. No segundo degrau, esses padrões se transformam em células capazes de utilizar a energia disponível de forma eficiente. No terceiro, essas células se combinam e se multiplicam para gerar seres multicelulares possibilitando que surja diversidade e complexidade. No quarto degrau, algumas das espécies formadas por diferentes combinações de células desenvolvem cérebros capazes de criar e utilizar ferramentas e de compartilhar conhecimento, o que gera uma complexidade ainda maior. No quinto degrau, a espécie mais evoluída se torna a forma dominante de vida no planeta, podendo alterar o ambiente conforme suas necessidades. Nesse estágio, que é o que nos encontramos agora, começam a ocorrer algumas tentativas de transcender os limites planetários. 

É da natureza da vida buscar se proliferar, ocupando todos os espaços que ela é capaz de ocupar. Logo, os próximos estágios da escala evolutiva são lógicos. Se uma espécie encontra, na sua própria sobrevivência, motivação para controlar os recursos do seu planeta, é extremamente improvável que ela pare por aí. Como planetas são habitáveis apenas por tempo limitado, no sexto estágio evolutivo, se faz necessário dar início a exploração espacial e isso, possivelmente, levará ao surgimento de uma civilização galáctica. Esse é, certamente, um princípio universal para qualquer civilização inteligente e tecnologicamente avançada, independentemente de qual seja o seu planeta de origem. 

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Sabemos que existem bilhões de planetas similares à Terra na Via Láctea. Muitos deles existem há muito mais tempo que o nosso planeta. Tempo suficiente para a vida evoluir muito além do estágio em que a humanidade se encontra. Mesmo assim, não observamos nenhuma civilização galáctica até agora. O espaço parece ser inabitado. Isso pode significar que algo esteja impedindo a vida de evoluir para além do estágio em que nós humanos nos encontramos hoje. Algo que torne o surgimento de uma civilização galáctica  extremamente improvável, talvez até mesmo impossível. Essa barreira hipotética é conhecida como “o grande filtro”, um desafio tão difícil de superar que acaba por eliminar qualquer civilização que o encontra pelo caminho. 

A questão é saber se o grande filtro está no nosso passado (o que significaria que somos uma espécie com muita, muitíssima sorte), ou se estará no nosso futuro, o que significaria que a humanidade não tem muito tempo pela frente. 

O primeiro cenário (em que o filtro estaria no nosso passado e já teria sido superado) levaria à conclusão de que um dos quatro primeiros degraus da escala evolutiva seja um evento raríssimo no universo. A vida complexa e inteligente seria algo quase impossível e nós, humanos, seríamos os uma civilização pioneira.

No segundo cenário, o grande filtro estaria por vir e seria algo muito mais perigoso e poderoso do que qualquer grande desafio que a vida na Terra já conheceu. Algo intransponível à todas as civilizações que ao longo de bilhões de anos tenham alcançado o quinto degrau da evolução. Essa barreira poderia ser o descontrole da nanotecnologia ou da inteligência artificial, que acabariam por exterminar seus criadores, ou poderia ser algo que ainda não somos capazes de imaginar. Ou, talvez, 100% das civilizações que chegam a ponto de controlar os recursos do seu planeta, acabam por destruí-lo antes de serem capazes de colonizar o espaço. De qualquer forma, se o grande filtro ainda está por vir, nossas chances de sobrevivência são bastante baixas. Esperamos que esse não seja o caso. 

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